Paris é sempre uma boa ideia.
Por Maristela Padilha de Souza | Agosto 2023
Se a origem etimológica da palavra fotografia vem do grego “gravar com luz”, não é à toa que Paris é reconhecida como a “cidade luz”. Essa denominação é, tradicionalmente, alusiva às “mentes iluminadas” que, secularmente convergiam para esta que foi, é e provavelmente continuará sendo um dos polos culturais mais efervescentes do mundo. Locais que hoje são visitados diariamente por milhares de turistas apressados e ávidos em consumir souvenires, outrora foram o esteio de desconhecidos, incógnitos e renegados artistas. Felizmente, para nós, meros mortais que nascemos a quase um século (ou mais) desta época, Paris nos permite um certo grau de deleite (no meu caso, bastante significativo) ao percorrer suas ruas e experienciar, mesmo que no campo da imaginação, a emoção de um embate filosófico entre Zola e Cézane, Rodin e Claudel ou Camus e Sartre.
O fato é que Paris respira e exala arte, e o que não falta são espaços para que ela se manifeste. Museus, teatros e galerias de arte – muitas galerias – estão espalhadas por todos os cantos. Talvez fosse necessário alguns meses para que algum aficionado conseguisse visitar (mesmo que diariamente) todas as exposições disponíveis no calendário cultural desta metrópole. Dentro deste contexto, a fotografia mora em um cantinho especial no coração dos franceses. Auguste e Edouard Lumière (os Brothers) inventaram (apesar de alguma controvérsia) o cinematógrafo, além do autocromo e outras inovações técnicas e de materiais que foram determinantes para o aprimoramento e popularização tanto do cinema quanto da fotografia. Inaugurada no final do século dezenove, a Torre Eiffel é atualmente considerada o monumento mais fotografado do mundo e, embora não seja de conhecimento da grande maioria dos turistas que fazem estes registros, bizarramente existe uma proibição legal (em função de direitos reservados) de fotografá-la à noite. Obviamente, isso, aparentemente, nunca foi reclamado pelos detentores destes direitos: imaginem se fosse!
Paris é fotogênica, simples assim. O homem apressado saindo da boulangerie com o baguete embaixo do braço, as amigas concentradas em suas conversas na terraça de algum café, a diversidade de tons de pele e idiomas nos metrôs, que denotam a riqueza multicultural – todas estas cenas cotidianas cabem perfeitamente em um porta-retrato. A cidade faz pose a todo momento. Imaginem que, em um mesmo dia, é possível visitar a mostra retrospectiva de Elliot Erwitt na elegante “rive gauche”, a exposição de Frank Horvat “Paris, le monde, la mode” na cult “rive droit” e, de quebra, dar uma passadinha na Fundação Henri Cartier-Bresson, no coração do fascinante Marais. Um detalhe importante: se você não tiver 12 euros para pagar o ingresso, pode apreciar a obra de Frank Horvat enquanto se desloca de transporte público, pois a grande maioria das fotos de sua exposição se encontra reproduzida e estampa as paredes da maioria das estações de metrô de Paris.
Mas, na verdade, apesar do frenesi artístico-cultural, para quem ama a fotografia, Paris deve ser degustada lentamente. Paris não é o tipo de cidade que visitamos no modo “automático”. Paris exige e merece ser registrada em uma velocidade de abertura do olhar baixa, com nossa memória em modo de longa exposição e com nosso coração com um único foco: o de aproveitar ao máximo a magia deste lugar. Se você nunca foi a Paris, vá! Se você já foi, volte! Todos merecem retornar a Paris. E depois, como profetizou Audrey Hepburn em “Sabrina” (1954), magistralmente captada pelas lentes de Charles Lang Jr.: “Paris is always a good idea”!
*Os trabalhos de Frank Horvat e Elliot Erwitt estão em exposição até o mês de setembro de 2023 no Museu Jeu de Paume e no Museu Maillol, respectivamente. *A Fundação Henri Cartire-Bresson apresenta, além de um acervo permanente de obras de sua autoria, mostras de outros fotógrafos selecionados a partir de projetos patrocinados pela fundação.
Muito legal, Maristela! Aguçou a minha vontade em conhecer 🗼
Muito obrigada pela oportunidade Vivi!
“Nós sempre teremos Paris”. Bocart eternizou a frase. O lindo texto nos convida a voltar e voltar.
José Roque, pior é que depois que eu enviei eu “lembrei” que tinha “esquecido” desta obra-prima do cinema!!!!
Com certeza, minha cidade favorita!!!!
Neusa, é impossível não se apaixonar por esta cidade!!!!! No meu caso, foi amor a primeira vista!
Uma linda cidade!
Cristiane, maravilhosa não é mesmo!!!?
Obrigada por dividir esta experiência com tantos detalhes que me deixou com gosto de “quero mais”.
Gostei muito das portas de Paris, fotografei várias. Com certeza pretendo voltar lá, sim é muito fotogênica essa danada.
Amei teu texto Maristela! Parabéns!
Deu uma vontade enorme de voltar a Paris, mas agora com um olhar fotográfico mais apurado.
Lindo teu texto, Maristela!Adorei também tuas fotografias! Eu amei conhecer Paris, principalmente ver a cidade no alto da Torre Eiffel, que sempre foi meu maior sonho, foi inesquecível e mágico!Iria novamente com certeza!Paris encanta, não é mesmo, Maristela?