Luiz Carlos Felizardo (1949–2025)
Uma despedida com gratidão e reverência
Hoje, 11 de junho, o Fotoclube Porto-alegrense se despediu de um mestre. Luiz Carlos Felizardo, fotógrafo, pensador da imagem e referência incontornável da fotografia gaúcha e brasileira, nos deixou — mas permanece entre nós por meio de sua obra, sua ética e sua generosidade.
Felizardo não foi apenas um fotógrafo talentoso: foi um construtor de olhares. Formado inicialmente em arquitetura pela UFRGS, começou sua carreira na fotografia publicitária e industrial entre 1968 e 1972, e logo se voltou para o que viria a ser sua marca registrada — o olhar atento para a paisagem natural e urbana do Rio Grande do Sul. Com câmeras de grande formato, compôs imagens de precisão técnica e densidade poética, registrando superfícies, texturas e volumes com uma fidelidade que ia além da forma: ele fotografava o tempo.
Foi bolsista da Capes e da Comissão Fulbright e viveu nos Estados Unidos entre 1984 e 1985, onde trabalhou sob orientação de Frederick Sommer, importante nome da fotografia moderna. Esse período resultou em uma série de ensaios que o colocariam entre os grandes artistas visuais do país, sendo exibidos no MARGS e em instituições de referência.
Mas foi também como professor, orientador e presença constante em oficinas, exposições e encontros que Felizardo marcou a vida de muitos que hoje compõem o Fotoclube Porto-alegrense. Ao longo dos anos, ele participou da formação de gerações inteiras de fotógrafos — inclusive fotoclubistas que, com emoção, recordaram os encontros com o mestre:
“O Felizardo abrilhantou minhas aulas algumas vezes, na Unisinos, UCS e ESPM. Um mestre.” — Rogério Soares
“Bahhhh… que ano…” — Jorge Leão
“RIP Mestre Felizardo.” — Jorge Lansarin
“Um querido, lástima. Muito participei de suas publicações. Meu parceiro desde o Teatro São Pedro.” — Eloi Farias
“Mais um gênio da fotografia que se vai. Que ano pesado para a fotografia. Descansa em paz, Felizardo. Gratidão pelo teu legado.” — Carlinhos Rodrigues
Em 2023, presenciamos a homenagem realizada pelo Marcos Monteiro, na Street Expo Photo que, mesmo debilitado, fez questão de estar presente. Na lembrança de muitos, ficou a imagem marcante do Felizardo atento às fotos dos colegas, comentando com generosidade e provocando risadas — como relatou Neli Alves, relembrando um momento em que ele ficou muito tempo observando suas imagens:

As fotografias compartilhadas pelos membros do FCPOA nestes dias — imagens de exposições, retratos de grupo, livros como IMAGO, o ensaio O Relógio de Ver e registros históricos como a foto de 1992 feita por ele, com dezenas de fotógrafos reunidos — são mais do que arquivos. São testemunhos de uma convivência generosa com a fotografia e com as pessoas.





Alexandre Langer sintetizou bem o sentimento de todos nós:
“Pelo menos pudemos homenagear o Feliz em vida. Fico contente por nós!”

Sua presença constante nos últimos anos só foi possível graças ao apoio incansável de sua esposa, Isabel Locatelli. Companheira, Isabel esteve ao seu lado em cada homenagem, cuidando dele com dedicação comovente, traduzindo suas palavras quando a voz lhe faltava. A ela, nosso mais profundo agradecimento — por sua generosidade, por compartilhar o Felizardo com todos nós, e por ser, também, parte essencial dessa história de amor à fotografia.
O legado de Luiz Carlos Felizardo também marcou a trajetória do Fotoclube — e continuará presente, nos guiando a cada fotografia feita com atenção, respeito e amor pela luz.

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