Fotoclube Porto-alegrense

[Dica de filme] Lee, dica de filme, por José Roque Guimarães

LEE

Por José Roque Guimarães, maio/2025.

A guerra é uma constante na História. Dela, notícias nos chegam por todos os muitos meios. Quando se fala de fotografia de guerra, no entanto, o primeiro nome que surge é Robert Cappa, cuja vida um ficcionista não imaginaria. Recomendo o livro “Ligeiramente Fora de Foco”.

Não é sobre ele este texto. Em 2024 foi lançado o longa Lee com direção de Ellen Kuras e protagonizado por Kate Wislet no papel de Lee Miller. Cinematografia (fotografia) de Pawel Edelmen.

A diretora fez sua biografia na área de cinematografia e não em direção. Fato interessante para nós.

Lee conta sua vida em entrevista, já idosa, sempre movida a cigarro e álcool. Relembra a trajetória que iniciou quando fazia parte da Geração Perdida europeia nos anos 20 e 30. Vida de diversão, bebida e sexo. Neste período entre guerras foi modelo. Seu carisma e beleza a tornaram famosa, circulando na elite artística e cultural. Picasso era seu amigo.

Com o estouro da guerra ela supera barreiras machistas e negativas na sua demanda para cobrir o front. Finalmente, autorizada pela Vogue, encontra o fotógrafo da Life, David Scherman (Andy Samberg). Ambos vão à França seguindo os americanos depois do Dia D. Lee foi a única a fotografar a batalha de Saint-Malo onde os americanos usaram napalm pela primeira vez. Depois, a liberação de Paris e continuaram seguindo rumo à Alemanha. Chegam em Dachau no dia da derrubada dos portões. São os primeiros fotógrafos a registrar os métodos industriais nazistas de genocídio. “Eu imploro que acreditem que isso é verdade”, Miller diz à Vogue no retorno a Londres. Também vão a Munique e acantonam no antigo apartamento de Hitler. Lá, a foto dela na banheira no mesmo dia que o ditador se matou.

Segue a entrevista e os roteiristas nos surpreendem com uma revelação.

Filme dirigido por uma fotógrafa sobre a fotógrafa que deixou para a História um registro único do que foi talvez o maior drama.

Se o trabalho de Lee Miller não serve para evitar que 80 anos depois testemunhemos atrocidades como Dachau, pelo menos alguns de nós podemos ter a consciência do perigo que corremos.

Trailler do filme aqui.

1 comentário em “[Dica de filme] Lee, dica de filme, por José Roque Guimarães”

  1. Parabéns querido José.
    Fui apresentado ao trabalho de Lee anos atrás quando em função de minha disciplina – Fotojornalismo, pesquisava sobre o grandes nomes da fotografia de guerra, onde os fotógrafos Mathew Brady e Roger Fenton (século 19) aparecerem como sendo os pioneiros nesta particular modalidade de registro fotográfico, e a partir-(século 20 e 21) deles vieram outros nomes como Edward Adams, Margaret Bourke-White, Moises Samam, Nick Ut, Molhem Barakat entre outros. A figura de Lee sem dúvida se sobressai não somente como fotojornalista, mas como uma mulher que rompeu padrões morais e estéticos em sua época. Assisti o filme e ao ler o artigo de nosso colega constatei a pertinência de sua síntese sobre uma intensa narrativa e principalmente por uma página da história tão trágica. Obrigado José.

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