[Dica de filme] Conclave, dica de José Roque Guimarães

Conclave

Por José Roque Guimarães, novembro/2024.

Do latim “com chave”, o longa é dirigido por Edward Berger (Nada de Novo no Front; Jack) e protagonizado por Ralph Fiennes, como Cardeal Lawrence. Roteiro de Peter Straughan e Robert Harris. Cinematografia de Stéphane Fontaine.

Acompanhamos o conclave para eleger um novo papa. O decano Lawrence tem como função coordenar o processo com seus devidos rituais. A Igreja deve decidir entre o retorno ao passado representado pelo Cardeal Tedesco, Sergio Castelitto, e o presente e modernidade. O eleito será a personificação da tendência vencedora com impacto na História.

Um dos eventos mais secretos é mostrado com maior precisão possível. A “fotografia” de Fontaine é brilhante contando com a supervisão direta do diretor em cada tomada. Utilizam-se recursos de desfoque no segundo plano, preto versus vermelho realçado, luz e sombra. Também lá a luz é um personagem. O expectador é levado à profundeza do dilema da Igreja.

Isabela Rosselini, filha de Ingrid Bergman, é a supervisora das freiras em trabalhos como cozinha e limpeza. O papel feminino na igreja católica, tema tão ancestral como atual é mostrado pelas freiras com as cores, ou falta delas, ações e invisibilidade visível. Nas cenas escuras só aparecem homens. As mulheres só nas claras com muita luz.

O filme inicia com o decano caminhando num túnel escuro sentindo o peso e a incerteza da tarefa. Ele que confessa não ter perdido a fé em Deus, mas sim na Igreja. Termina com um twist de levantar as sobrancelhas. Crentes e ateus como este que escreve aqui, saímos com um sem fim de pensamentos e imagens que nos convidam a rever.

O filme Conclave estreou nos cinemas brasileiros no dia 23 de janeiro de 2025.