Saudade do filme???
Hoje tem uns “tarados” que vão aos céus quando veem uma Nikon F2 ou uma Canon AE-1… e se aparecer uma Mamiya 645 entram em êxtase fotográfico. A situação é preocupante.
Você que tem câmera digital cheia de recursos tecnológicos que facilitam a captação e deixam mais tempo para sua criatividade, mas alimenta ainda um fetiche pelo filme, vou te dizer porque não sinto saudade nenhuma do “analógico”.
Eu mal entrei na fotografia com hobby e já comecei a trabalhar para defender uma grana extra. Assim, fui tirando as possibilidades de errar por ter compromisso de entregar. Aí a coisa pega e muda de figura.
Quando a responsabilidade entra, ela traz junto a necessidade do controle para evitar ao máximo os erros. Eu sabia que tinha dois corpos de câmeras com filme 36 “poses”, uma lente 50mm e uma 135mm, dois flashes Frata 100 (com bateria de 12 volts que soltava água química que furava a roupa), uma fotocélula do tamanho de um caixa de fósforos ligado a um segundo flash carregado por um assistente. Também sabia de cabeça todos as fotos que teria que fazer até chegar à pose 32 para trocar de câmera. Isso geralmente acontecia perto da hora da troca de alianças. E por aí continuava a batalha para não errar…
Se você tem fetiche pelo filme e não tem câmera de filme, não sofra. Pegue sua digital e faça as seguintes alterações: cubra com uma fita silvertape o LCD, coloque todos os controles em manual, ou desligue, inclusive o foco. Coloque o ISO em 100 ou 400 e não mude mais. Dê no máximo 36 cliques. Pronto! Na pós-produção você transforma digitalmente, com qualidade, sua foto em “filme”. Beleza?
Agora, se você quer mesmo viver a emoção em sua totalidade, faça um casamento usando uma câmera Nikon F2 ou uma Mamiya 645 com flashs que só tem carga total ou ½ carga. Depois relate sua experiência…
Revisão: fotoclubista Andréia Kris
Walcyr Mattoso do Nascimento – Fotoclubista