Fotografia é arte ou não?
Quando se vê uma foto do mestre Henry Cartier Bresson falamos: “que obra de arte!!!” E quando vemos uma foto de Richard Avedon, que revolucionou a fotografia de moda, exclamamos: “nossa, que foto maravilhosa!!!”
Ambos fotógrafos são craques no que fazem e seus trabalhos resultam em imagens emblemáticas, impactantes, originais, bem compostas e principalmente: comunicam um conceito, uma intenção. Mas são resultados de demandas diferentes…
Trabalhando diariamente com Marketing e publicidade por quase 30 anos, falo muitas vezes para meus colaboradores: “aqui a gente realiza demandas de criação, não é arte… Quer fazer arte, vai para casa pintar um quadro, ou compor uma música”…
Por que isso? Assim como na publicidade que se usa o conhecimento artístico para realizar peças de criação, na fotografia também se usa elementos da arte, principalmente da pintura. Mas existe uma diferença que deve ser considerada: a demanda. O desejo e a necessidade de expressar vieram de onde?
Vou tentar explicar. Você pega sua câmera e sai por ai, sem compromisso, para uma praia e “senta o dedo”, ou melhor, fotografa tudo que vê: água, ar, terra, sol e pessoas. E vai, experimentando, testando, errando… No fim, em casa você faz uma edição. Das 600 imagens você tira de cara 500, ficando com 100 para olhar melhor. Das 100, você realmente gostou de 10 e resolve editar 5 que realmente te chamaram a atenção e se destacam. Fotos realmente belas que todos que as veem ficam impressionados e falam que são obras de arte. Ora, ouvir isto não tem preço. É um reconhecimento de um trabalho que realiza e que te traz felicidade… E esta felicidade vem por que foi um trabalho essencialmente feito por sua vontade, pelo seu desejo. Não foi ninguém que mandou, ou te contratou.
Agora, quando você é contratado pra fazer um serviço, seja ele o que for a sua liberdade é relativa. E a “arte’’ então não existe. O que há é uma demanda externa aos seus desejos, e mesmo que você imprima um estilo pessoal, que é muito importante, não será um trabalho que você tenha toda a liberdade de um trabalho artístico autoral. Você pode usar toda a capacidade criativa inspirada por grandes artistas, mas não pode deixar de registrar o que você foi contratado por achar que não ficaria bom. “Não fiz a foto do beijo, pois acho que é muito piegas…” Bem, pode procurar outra profissão…
A diferença entre a fotografia de arte e a comercial, não está no envolvimento de uma relação com dinheiro, pois a arte também “dá grana”. Mas sim, na liberdade de poder fazer o que o teu sentimento pede e correr o risco de ser bom ou não.
Walcyr Mattoso do Nascimento – Fotoclubista
Grande Walcyr! Excelente artigo! Lembro de uma máxima comercial que falei a um amigo: “- você faz o que vende ou vende o que você faz? “ – clichê, mas real! Bem real! Abraços e obrigado pela publicação!
Excelente artigo Walcyr, consegues deixar claro a diferença entre fotografar por demanda comercial e fotografar procurando uma forma de expressão pessoal!